Quem, como os farmacêuticos, químicos e pessoas com noçãode Tabela Priódica, sabem que pedras, plantas, animais, meio de transporte, poluição, água, são formados pelos 92 elementos encontrados na natureza e que fazem parte dela. Não me refiro ao numero total dos elementos da Tabela Periódica, haja vista que, muitos deles como é o caso do de numero 114 que recebeu, recentemente, o nome de Fleróvio (Fl), em homenagem a um químico russo, são obtidos de maneira artificial por meio de fusão nuclear. Refiro-me, apenas aos elementos encontrados na natureza que vão do hidrogênio ao urânio combinados em moléculas. Especialmente aqueles de dizem influem diretamente sobre nós que somos feitos de carbono, hidrogênio e oxigênio, principalmente.

Segundo as teorias mais recentes da astrofísica, no início do universo existiam, apenas, prótons, neutros, elétrons e outros elementos como fótons, neutrinos, quarks, gluons, leptons, etc. fazendo parte dele e dispersos, viajando e interagindo de maneira violenta entre si e com a radiação. Nesse caldeirão cósmico, quando a temperatura caiu até às equivalentes às energias nucleares, os núcleos dos três elementos mais simples se formaram: hidrogênio, hélio e lítio. Só 400 mil anos depois é que se formaram os primeiros átomos, quando os elétrons puderam envolver os núcleos, atraídos pelos prótons, formando os átomos de hidrogênio e hélio.A existência desses dois elementos ensejou a formação das estrelas que propiciaram a formação de elementos mais pesados.

As grandes pressões geradas no interior das estrelascausaram reações nucleares capazes de fundir prótons formando outros elementos. Em estrelas comosol, o hidrogênio sobre fusão se transformando em carbono e oxigênio. Em outros casos, como nas mais pesadas, formam-se elementos como o ferro. Quando morrem, as estrelas explodem gerando uma energia tão alta que podem formar elementos mais pesados até o urânio. Deste modo, devemos pensar nas estrelas como os grandes laboratórios alquímicos do cosmo, pois, o carbono da sua pele, o cloro do sal, o oxigênio da água, foram todos forjados por elas. Você é parte das estrelas.

Até o inicio do século 18 e durante a maior parte da Idade Média, os alquimistas tentaram transmutar chumbo em ouro. Não sabiam que se tratava de uma missão impossível, pois, usando-se a energia de reações químicas comuns não se pode transformar chumbo em ouro, tendo em vista que com, apenas,ela torna-se impossível a troca de prótons entre os elementos. Essa dificuldade se dá porque a identidade de um elemento químico não vem do numero de elétrons circulando em torno do núcleo e sim do numero de prótons no interior do seu núcleo. A transmutação só é possível quando ocorre uma mudança do numero de prótons no núcleo. Para que isso ocorra são necessárias reações nucleares milhões de vezes maiores do que as reações químicas comuns. Não se pode,simplesmente tomar um cadinho, colocar dentro dele dois elementos diferentes, aquecê-los com um bico de Bunsen e transformá-los em outro elemento. Principalmente, transmutar chumbo em ouro.

13 mil anos antes do aparecimento dos alquimistas, o universo já realizava transmutações no interior das estrelas. Mesmo sem conseguir nenhuma transmutação, a alquimia, no entanto, foi de grande valia pela sua contribuição para a identificação de vários elementos. Com o surgimento dos grandes aceleradores de partículas domo o LHD, entre a França e a Suíça e o Tevatron no Fermi NationalAcceleratorLaboratory, em Chicago, desativado em 2011, as transmutações tornaram-se possíveis de realizar. Podemos até imaginar os físicos nucleares atuais como os alquimistas do futuro.