Ato realizado em1º de fevereiro,na cidade de paulista de São Bernardo do Campo, foi realizado pelo grupo de trabalho da Comissão Nacional da Verdade que investiga repressão ao movimento sindical.
O primeiro ato da série que deve marcar o ano de 2004, para lembrar os 50 anos do golpe militar de 31 de março de 1964 e exigir justiça, teve como protagonista os trabalhadores. Realizada em 1º de fevereiro, a iniciativa denominada "Unidos, jamais vencidos" lotou o Teatro Cacilda Becker, no Paço Municipal de São Bernardo do Campo (SP).

O ato foi organizado pelo Grupo de Trabalho 13, que investiga, junto à Comissão Nacional da Verdade (CNV), a repressão sobre o movimento sindical e os trabalhadores, bem como a colocação do empresariado com a ditadura. O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, prestigiou o evento, além de João Vicente Goulart, filho do presidente deposto no golpe, João Goulart, o Jango, e do deputado estadual Adriano Diogo (PT), coordenador da Comissão Estadual da Verdade. Vários outros parlamentares também estiveram presentes, como o deputado federal Vicentinho (PT) e os estaduais Ana do Carmo, Hamilton Pereira e José Zico Prato (todos do PT).
Num exemplo de ação unitária, teve a participação das dez centrais brasileiras – Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), União dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Intersindical, Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), Central dos Sindicatos (CSB) e Intersindical Central. Em várias falas dos representantes dessas organizações, foi destacado que a participação da classe trabalhadora foi decisiva para pôr fim ao regime de exceção. Liderança na greve de 1978 em São Paulo Bernardo do Campo, Luiz Inácio Lula da Silva foi lembrado em alguns discursos. Nas preleções, ainda, enfatizaram-se as heranças da ditadura, como por exemplo, denuncias de casos de torturas pela polícia ainda hoje, e a exigência de punição aos torturadores e de justiçaa todas as suas vitimas como uma das medidas cruciais para se completar o processo democrático.
A participação do empregado na repressão foi outro ponto ressaltado. Rosa Maria Cardoso da Cunha, coordenadora da Comissão Nacional da Verdade e do GT 13, salientou que na realidade o golpe deve ser denominado civil-militar, por atuações como essa. Essa ação contra a classe, com denuncias e perseguições por empresas de trabalhadores, bem como a contribuição com cessão de equipamentos com veículos, combustíveis e patrocínio da tortura, está sendo investigada pelo GT 13. Segundo ela, houve cinco outras tentativas de golpe antes de 1964. "Foi gestado desde o Estado Novo por um consórcio de civis e militares que não queriam o povo na política." Ela ponderou que a CNV tem atuação limitada, com mandato de 2,7 anos. A justiça, explicou, não alcançará as empresas, porque não se pode criminalizar pessoa jurídica. "Mas faremos reparação, nas lutas." Por sua atuação junto à CNV, Rosa Cardoso foi homenageada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) com o prêmio Personalidade Profissional 2013, em Excelência em gestão pública.

No ato em São Bernardo do Campo, foram homenageados mais de 400 trabalhadores que lutaram contra a ditadura, inclusive alguns mortos nas mãos dos militares, representados por seus familiares. Alguns depoimentos de ex-presos e perseguidos políticos foram exibidos em vídeos durante o ato, que contou ainda com duas apresentações teatrais, do Grupo Solano Trindade e de Tin Urbinati, o qual realizou performance baseada no poema de Vinícius de Moraes intitulado "O operário em construção". Adriano Diogo concluiu: "Na resistência à ditadura estávamos todos juntos. Agora, para punir os torturadores e abrir os arquivos militares, temos que continuar juntos."


Fonte: Soraya Misleh – Imprensa Seepsp
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